07 agosto 2007

Quem é Gabriel "Napão" - I




Gabriel “Napão” Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro em 18/05/79, e começou a treinar jiu-jitsu aos quinze anos de idade, com o professor Wander Braga (faixa preta de Jorge Pereira), de quem recebeu todas as faixas, inclusive a preta.


Após se mudar para São Paulo, Napão se aliou a Jorge Patino “Macaco” e o ajudou a formar Gold Team, união de diversos professores que seguiram Macaco após o traumático fim da Godoi/Macaco, equipe que por anos reinou absoluta em São Paulo.


Apesar da grande expectativa com o desempenho da nova equipe, que vinha de um bicampeonato (2000/2001) como Godoi/Macaco, a Gold Team não correspondeu, ficando, em seu primeiro ano, apenas na 6ª colocação em 2002 (adulto-masculino), sendo que a rival Godoi JJ faturou o primeiro título do tri que conquistaria nos anos seguintes.


Napão, porém, traçou sua própria história, e, ao contrário de sua equipe, passou a conquistar títulos de maior expressão. Se antes seus títulos se limitavam às etapas do paulista de JJ, em 2003 foi vice-campeão mundial no pesadíssimo e absoluto pela CBJJO, além de conquistar títulos no submission (campeão paulista no super-pesado e absoluto)..

Quem é Gabriel "Napão" - II


Em abril de 2003 fez sua estréia no MMA com a vitória no Brazilian Gladiators 2. Em agosto obteve sua segunda vitória, sobre Branden Lee Hinkle, no Meca 9, finalizando com um triângulo.

Quando começava a ganhar maior visibilidade, porém, foi derrotado por Fabrício Werdum no Jungle Fight 1 (setembro/03), em uma luta onde teve sua sensível vantagem no chão anulada pela orientação de Wallid Ismail (promotor do evento) para que a luta fosse movimentada. O combate foi interrompido pelo juiz quando Werdum castigava Napão com socos de dentro da guarda.

Em 2003 foi realizado o II Desafio Black Belt, com produção impecável, jamais vista para lutas de jiu-jitsu. Napão venceu um combate que não empolgou, mas deixou, na entrevista que antecedeu a luta, e mostrada nos telões, uma frase profética que o tiraria do lugar comum anos depois. Perguntado qual seria seu ponto forte, Gabriel Gonzaga respondeu um tanto indeciso: “Eu não sei se tenho ponto forte. Dizem que é meu ataque no braço de dentro da guarda, mas eu não sei. Luto conforme o adversário luta. Se ele vai lutar na guarda, eu vou passar, senão eu fico na guarda. Se ele luta em pé, eu luto em pé”.

Em outras duas ocasiões, pelo menos, a veracidade da resposta pode ser confirmada. No GP Black Belt 2004, em Maresias, Napão fez a segunda luta, após vencer o Leonardo Leite, contra Márcio Pé-de-Pano. Disputando o prêmio recorde, no jiu-jitsu, de R$10.000,00, além do cinturão, permitiu que o Pé-de-Pano o chamasse para seu jogo de guarda logo no início da luta. Após conseguir uma contestada passagem de guarda, Gabriel Gonzaga passou maus bocados no final da luta, quando Pé-de-Pano encaixou um justíssimo triângulo. Salvo pelo gongo, Napão levantou-se com a ajuda de Danny Abu, que correu para garantir que seu companheiro da Gold Team não caísse em sono profundo. Apesar dos protestos, Napão foi para a final e venceu Tozzi sagrando-se campeão.

Em 2005, na decisão da Copa do Mundo (pesadíssimo) contra Leonardo Leite, então membro da seleção brasileira de Judô, Napão o encarou em pé durante grande parte da luta, somente tentando mudar a estratégia quando ficou em desvantagem no placar. Mas não surtiu efeito e foi vice-campeão.

A partir de 2004 seus resultados começaram a se tornar mais expressivos. Além do GP, foi campeão do Submission wrestling (até 105kg) em Campos dos Goytacases e São João da Barra.

Em 2005 venceu a seletiva brasileira do ADCC e ficou com o vice campeonato na categoria acima de 99 Kg (derrotado pelo Jeff Monson no único revés brasileiro nas decisões).

Em 2006 finalmente consegue, segundo sua própria definição, um objetivo de vida ao sagrar-se campeão mundial de jiu-jitsu pela CBJJ e da copa do mundo pela CBJJO, ambos na categoria pesadíssimo.

Quem é Gabriel "Napão" - III


No MMA, a trajetória ascendente foi interrompida pela derrota para Fabrício Werdum, fazendo-o retomar o rumo com as vitórias sobre Charlie Brow (Jungle Fight 2) e Walter Farias (Never Shooto Brazil), ambas em 2004.

Com a ida do Macaco para a Chute Boxe, a possibilidade de Napão se integrar a uma grande equipe de MMA quase se concretizou, mas, segundo foi dito na época, problemas financeiros o impediram de abandonar sua academia em São Paulo para se dedicar totalmente à equipe Curitibana. Mesmo sem se integrar totalmente, passou a lapidar sua trocação na CB e a ter como segundo o próprio Rudimar Fedrigo.

Em maio de 2006 surge a grande oportunidade. Fechando um contrato de 5 lutas, Napão faz sua estréia, representando a CB, contra Kevin Jordan no UFC 56. O início da caminhada, contudo, não foi o esperado, sendo que sua apresentação na octagon foi salva apenas por um único golpe.

Apesar do nocaute, com um, vamos lá, soco voador, foi certamente uma das piores lutas vistas no UFC, fazendo com que o público vaiasse insistentemente os dois lutadores. Muito lento, sem conseguir levar a luta para o chão e com apenas um momento de brilho (que por sinal nocauteou o adversário), a luta fez um grande parte da torcida desacreditar no seu futuro.

Dias depois da luta, porém, surgiu a notícia de que Napão passava por um momento pessoal difícil com a gravidez de alto risco de sua esposa, que teve gêmeos, vindo uma das crianças a falecer.

Em maio nova chance contra o também brasileiro Fabiano Pega-leve, mas o combate também não empolgou em outra luta norma. A terceira vitória em solo americano, sobre Carmelo Marrero, fez finalmente a torcida acreditar mais em seu jogo.

As doses de Chute Boxe e sua mudança para a Califórnia, passando a se dedicar integralmente ao MMA, porém, não foram suficientes para que a grande maioria não se rendesse ao óbvio: com a contratação de Mirko Cro Cop pelo UFC e sua escalação como o próximo adversário do brasileiro, a bola de cristal não previa bons momentos para o brasileiro.

Diante da surpresa de todos, fez-se valer a sinceridade profetizada anos antes. Lutando conforme o adversário luta, Napão protagonizou um dos mais belos head kick do MMA.

Alçado à condição de favorito na disputa do cinturão contra Randy Couture, com sua própria equipe (Team Link), resta saber como a nova estrela do MMA nacional vai se comportar no octagon em sua última luta contratada.