06 janeiro 2006

Desafio Luta Livre vs Jiu-Jitsu – (1991) II





Histórico das lutas

Desprovidos dos membros da família Gracie, inclusive do Rickson, que já residia nos Estados Unidos, coube à nova geração do Jiu-Jitsu representar a arte no desafio entabulado quando o um grupo liderado por Hugo Duarte invadiu a Copa Nastra de Jiu-Jitsu, revidando a tática usada pelos Gracies.
Foram escaladas, então, as seguintes lutas:

Wallid Ismail (JJ) vs Eugênio Tadeu (LL);
Amaury Bitetti (JJ) vs Marco Ruas (LL);
Fábio Gurgel (JJ) e Denílson Maia (LL);
Marcelo Behring (JJ) vs Hugo Duarte (LL);
Murilo Bustamante (JJ) vs Marcelo Mendes (LL).

Das lutas marcadas, duas não ocorreram, já que Marco Ruas desistiu do desafio por bolsa maior oferecida por um evento em Manaus e Marcelo Behring se contundiu, deixando Hugo Duarte (foto) desolado com a inexpressiva vitória por WO.

Wallid Ismail (JJ) vs Eugênio Tadeu (LL)
A primeira luta da noite foi também a mais violenta, com Eugênio Tadeu levando a melhor na trocação e perseguindo nova vitória sobre o Jiu-Jitsu, já que em 1984 havia vencido Renan Pitangui no Maracanãzinho.
A desvantagem em pé, porém, foi anulada pelo então faixa marrom Wallid Ismail, que levou a luta para o chão e abriu o supercílio do adversário com uma cabeçada.
A seqüência da luta não foi diferente. Com a vantagem pela contusão de Eugênio Tadeu, Wallid leva a luta pro chão logo no início do segundo round e prossegue com a tática das cabeçadas, além de socos. Ao se aproximarem do limite do ringue, o juiz determina o recomeço da luta em pé.
Eugênio Tadeu novamente leva vantagem, mas Wallid de novo consegue uma queda e retoma a seqüência de socos, não interrompida, inclusive, quando ambos caem do ringue.
A demora do bastante castigado Eugênio Tadeu a retornar levou o juiz a abrir contagem e a determinar a primeira vitória do Jiu-Jitsu.
Apesar da visível superioridade do adversário, Eugênio Tadeu sempre alegou que foi impedido de voltar por membros do Jiu-Jitsu.

Murilo Bustamante (JJ) vs Marcelo Mendes (LL)
A segunda luta não apresentou maiores dificuldades para Murilo Bustamante, que levou vantagem tanto na trocação como no chão. após montar e aplicar uma seqüência de socos, Marcelo Mendes saiu do ringue. O recomeço não mudou a história, e após o lutador de jiu-jitsu levar nova vantagem, Marcelo Mendes saiu do ringue novamente e não retornou.


Fábio Gurgel (JJ) e Denílson Maia (LL);
A terceira luta foi tida como a mais técnica, mas seu relato não difere da outras. Apesar de uma breve superioridade de Denílson no início da luta, quando levou o adversário ao chão castigando-o com chutes, Fabio Gurgel equilibrou, após o juiz determinar o recomeço em pé, com um soco que fez sangrar o nariz do adversário. Na seqüência levou Denílson ao chão, passou a guarda e montou, obrigando o juiz a encerrar o combate.


Algumas anotações:
Os fatos relatados acima foram publicados pela excelente matéria feita pela revista Tatame (dezembro 2004), a qual recomendo para melhor conhecimento da história. Na época me envolvia com o mundo da faculdade de jornalismo, não me prendendo, lamentavelmente, ao acontecimento.
A importância das lutas, porém, ultrapassa o fato dos participantes serem, ainda, hoje, nomes expressivos mundialmente, mas marca com clareza a diferença do vale tudo para o MMA (mistura de artes marciais, em inglês).
Não havia qualquer preparação ou regras específicas a fim de proteger os lutadores, valendo, inclusive cabeçadas. O ringue permitia inadmissíveis quedas. Não havia protetores bucais (que é um dos motivos que Marcelo Mendes alegou para não voltar, já que seu dente estava pendurado). A própria contagem aberta na primeira luta advém do boxe, não sendo admissível no MMA, onde a intervenção médica se mostra muito mais eficaz.
A arbitragem também primava pelo amadorismo, não tendo critérios definidos para interromper as lutas no chão. Esta também é uma das reclamações feitas pela luta livre, juntamente com o fato dos juizes e organizadores serem da arte suave.
Não que o resultado fosse diferente caso as circunstâncias fossem outras. No início da década de 90 o Jiu-Jitsu reinou absoluto não só no Brasil, mas no mundo, com a supremacia de Royce Gracie no UFC e de Rickson Gracie no Japan Open e Pride.

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