26 janeiro 2006

O jiu-jitsu e o Boxe (com vídeos)

Depois que o mundo do MMA se rendeu á obvia verdade que um só estilo não faria o campeão, assistimos uma verdadeira migração de atletas para o Jiu-Jitsu. O sucesso da família Gracie (Rickson e Royce) nos ringues e nos desafios demonstrou que sem saber lutar no chão as chances de vitórias seriam reduzidas. Não que todos tenham virado exímios na arte suave, ainda que alguns tenham conseguido a faixa preta, mas ao menos aprenderam o anti-jogo do JJ. Aquela amarração impedindo ataques, tornando a luta ruim e forçando o juiz a voltar para a trocação (um ótimo exemplo disso é Takanori Gomi).
A evolução do esporte forçou, também, os lutadores de chão a se aprimorarem na trocação, já que cada vez mais as quedas e as finalizações ficavam difíceis.
Um dos primeiros, lutadores de chão (apesar da precipitada faixa preta) a utilizar o boxe como arma foi Vitor Belfort, que com suas seqüências avassaladoras ganhou o apelido de fenômeno.


Para conferir uma luta do Vitor Belfort:
http://rapidshare.de/files/8644806/Vitor_Belfort_Vs._Scott_Ferrozzo.mpg.html


O desenrolar de sua carreira demonstrou a fragilidade de sua nobre arte. O sucesso no MMA fez com que acreditasse na possibilidade de disputar uma medalha olímpica. Longe dos holofotes disputou com Marcelino Novaes uma chance de ir disputar direto um pré-olímpico. Na luta, porém Vitor Belfort foi massacrado, com direito a dois knock down, levando mais de um minuto para se levantar (o que caracterizaria nocaute em uma luta normal).
Ao invés de fenômeno, acredito que Vitor Belfort se aproveitou de uma lacuna existente na época, quanto ainda se profissionalizava o MMA, e utilizou sua excelente explosão para os sucessivos nocautes.


Apesar do início fraco, o casamento do JJ com o boxe se consolidou com os irmãos Nogueira. Primeiro o Minotauro com um estilo técnico e inteligente, principalmente contra Heath Herring (como demonstra o vídeo abaixo disponibilizado), quando caça o Texano com o boxe forçando-o ao clinche e, por conseguinte, à luta no chão, onde a superioridade do Brasileiro é enorme.


Para conferir a luta citada do Minotauro:
http://www.megaupload.com/?d=511O7COL


Depois o irmão Minotoro, que além de impor ao Shogum uma desvantagem na luta em pé (algo impensável antes da luta) foi campeão brasileiro de boxe amador.

Apesar e ser fã de um boxe mais técnico (prefiro Julio César Chaves a Mike Tyson), acredito, contudo, que no MMA prevalecerá o boxe matador, contando mais os poucos golpes que desestabilizem do que muitos que minem o adversário devagar.
Seria, mais ou menos, o estilo Tyson que, a meu ver, foi assimilado pelo Takanori Gomi.


Para conferir uma luta do Mike Tyson
http://www.megaupload.com/?d=20LBRNSC


Embora eu veja que essa união seja essencial para o sucesso dos jiujiteiros no MMA, parece que minha opinião não é compartilhada por todos. Ao menos é que me leva a crer quando assisto a luta de estréia do Márcio Pé-de-pano. O supercampeão mundial (último a dominar os tatames por longo período) mostrou um boxe cômico, além de não projetar os golpes, quando desferiu um soco ia com o rosto para trás, no melhor estilo “eu finjo que de dou um soco e você não me acerta”.


Para confe(rir) a luta do Pé-de-pano:
http://www.megaupload.com/?d=9DZPYIXK

20 janeiro 2006

Música de entrada - Have Nice Day - Bon Jovi

Bom som para ouvir, principalmente os corvos.

para ouvir:

http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Have%20A%20Nice%20Day


tradução:
Have a nice day (tradução)

Por que você quer me dizer como viver a minha vida?
Quem é você para me dizer se é preto ou branco?
Mamãe, você pode me ajudar a entender?
A diferença entre um garoto e um homem é a inocência?
Meu papai viveu uma mentira, e pagou o preço
Sacrificou sua vida se escravizando

Refrão:
Ohhh, se existe algo para agarrar
Que me faça sobreviver durante a noiteEu não vou fazer o que não quero
Eu vou viver minha vida
Brilhando como um diamante,Rolando com o dado
Em pé no parapeito,Eu mostrarei ao vento como voar
Quando o mundo fica diante da minha cara
Eu digo:
Tenha um bom dia
Tenha um bom dia

Dê uma olhada ao seu redor, nada é o que parece
Nós estamos vivendo numa casa quebrada de esperanças e sonhos
Deixe-me ser o primeiro a apertar sua mão prestativa
Alguém corajoso o suficiente pra tomar uma posição
Eu bati em todas as portas, em todas as ruas sem saída
Procurando por perdão
E o que resta para acreditar?

Refrão:
(solo)

Refrão:

Ohhh, se existe algo para agarrar
Que me faça sobreviver durante a noite
Eu não vou fazer o que não queroEu vou viver a minha vida
Brilhando como um diamante,
olando com o dadoEm pé no parapeito,Eu mostrarei ao vento como voar
Quando o mundo fica diante da minha cara
Eu digo:
Tenha um bom dia
Tenha um bom dia
Enquanto o mundo continua tentando me afundar
Eu tenho que levantar minhas mãos, serei firme
Bem, eu digo:
Tenha um bom dia
Tenha um bom dia
Tenha um bom dia

12 janeiro 2006

Em tempos de Big Brother

Ninguém deu ouvidos ao grandão do Big Brother 3 que se dizia descendente dos vinkings, fazia pose de badboy sentimental e ainda entrou em depressão quando levou um fora da miss Brasil.

Mas na verdade, Dilson Filho, o Dilsinho, conseguiu fazer o que muitos tentaram e ficaram longe: deu uma canseira enorme no Vanderlei Silva, levando vantagem no início da luta e fazendo o campeão do Pride desistir torneio. É a clássica derrota com honra.

Para quem ler o post com ressalvas, aqui vai uma parte da entrevista que o Wand deu à GracieMag (não me lembrou de qual mês):

"Minha estreia no VT foi no Ginásio Ibirapuera, no 1° Campeonato Brasileiro de VT, o mesmo evento que o Pelé enfrentou o Macaco. Lutei com um adversário 20kg mais pesado que eu. Era um torneio, mas como me machuquei todo, saí depois da primeira luta. Quebrei o dedo, abri o olho....Foi uma luta realmente muito violenta, talvez a mais dura até hoje. Ganhei com um traumatismo craniano no adversário.."

Para quem quizer ver a luta, é só dar um clique no link abaixo:

http://rapidshare.de/files/10593353/Wanderlei_Silva_Vs_Dilton.zip.html

ET: observação importante: Apesar de ser uma luta muito dura, o Dilson Filho foi nocauteado com uma cotovelada (era época do vale tudo) e foi direto para o hospital.

06 janeiro 2006

Desafio Luta Livre vs Jiu-Jitsu – (1991) II





Histórico das lutas

Desprovidos dos membros da família Gracie, inclusive do Rickson, que já residia nos Estados Unidos, coube à nova geração do Jiu-Jitsu representar a arte no desafio entabulado quando o um grupo liderado por Hugo Duarte invadiu a Copa Nastra de Jiu-Jitsu, revidando a tática usada pelos Gracies.
Foram escaladas, então, as seguintes lutas:

Wallid Ismail (JJ) vs Eugênio Tadeu (LL);
Amaury Bitetti (JJ) vs Marco Ruas (LL);
Fábio Gurgel (JJ) e Denílson Maia (LL);
Marcelo Behring (JJ) vs Hugo Duarte (LL);
Murilo Bustamante (JJ) vs Marcelo Mendes (LL).

Das lutas marcadas, duas não ocorreram, já que Marco Ruas desistiu do desafio por bolsa maior oferecida por um evento em Manaus e Marcelo Behring se contundiu, deixando Hugo Duarte (foto) desolado com a inexpressiva vitória por WO.

Wallid Ismail (JJ) vs Eugênio Tadeu (LL)
A primeira luta da noite foi também a mais violenta, com Eugênio Tadeu levando a melhor na trocação e perseguindo nova vitória sobre o Jiu-Jitsu, já que em 1984 havia vencido Renan Pitangui no Maracanãzinho.
A desvantagem em pé, porém, foi anulada pelo então faixa marrom Wallid Ismail, que levou a luta para o chão e abriu o supercílio do adversário com uma cabeçada.
A seqüência da luta não foi diferente. Com a vantagem pela contusão de Eugênio Tadeu, Wallid leva a luta pro chão logo no início do segundo round e prossegue com a tática das cabeçadas, além de socos. Ao se aproximarem do limite do ringue, o juiz determina o recomeço da luta em pé.
Eugênio Tadeu novamente leva vantagem, mas Wallid de novo consegue uma queda e retoma a seqüência de socos, não interrompida, inclusive, quando ambos caem do ringue.
A demora do bastante castigado Eugênio Tadeu a retornar levou o juiz a abrir contagem e a determinar a primeira vitória do Jiu-Jitsu.
Apesar da visível superioridade do adversário, Eugênio Tadeu sempre alegou que foi impedido de voltar por membros do Jiu-Jitsu.

Murilo Bustamante (JJ) vs Marcelo Mendes (LL)
A segunda luta não apresentou maiores dificuldades para Murilo Bustamante, que levou vantagem tanto na trocação como no chão. após montar e aplicar uma seqüência de socos, Marcelo Mendes saiu do ringue. O recomeço não mudou a história, e após o lutador de jiu-jitsu levar nova vantagem, Marcelo Mendes saiu do ringue novamente e não retornou.


Fábio Gurgel (JJ) e Denílson Maia (LL);
A terceira luta foi tida como a mais técnica, mas seu relato não difere da outras. Apesar de uma breve superioridade de Denílson no início da luta, quando levou o adversário ao chão castigando-o com chutes, Fabio Gurgel equilibrou, após o juiz determinar o recomeço em pé, com um soco que fez sangrar o nariz do adversário. Na seqüência levou Denílson ao chão, passou a guarda e montou, obrigando o juiz a encerrar o combate.


Algumas anotações:
Os fatos relatados acima foram publicados pela excelente matéria feita pela revista Tatame (dezembro 2004), a qual recomendo para melhor conhecimento da história. Na época me envolvia com o mundo da faculdade de jornalismo, não me prendendo, lamentavelmente, ao acontecimento.
A importância das lutas, porém, ultrapassa o fato dos participantes serem, ainda, hoje, nomes expressivos mundialmente, mas marca com clareza a diferença do vale tudo para o MMA (mistura de artes marciais, em inglês).
Não havia qualquer preparação ou regras específicas a fim de proteger os lutadores, valendo, inclusive cabeçadas. O ringue permitia inadmissíveis quedas. Não havia protetores bucais (que é um dos motivos que Marcelo Mendes alegou para não voltar, já que seu dente estava pendurado). A própria contagem aberta na primeira luta advém do boxe, não sendo admissível no MMA, onde a intervenção médica se mostra muito mais eficaz.
A arbitragem também primava pelo amadorismo, não tendo critérios definidos para interromper as lutas no chão. Esta também é uma das reclamações feitas pela luta livre, juntamente com o fato dos juizes e organizadores serem da arte suave.
Não que o resultado fosse diferente caso as circunstâncias fossem outras. No início da década de 90 o Jiu-Jitsu reinou absoluto não só no Brasil, mas no mundo, com a supremacia de Royce Gracie no UFC e de Rickson Gracie no Japan Open e Pride.

05 janeiro 2006

Sou da Paz


Bela iniciativa da Revista Tatame, principalmente quando convoca lutadores de destaque para se envolverem.
Com a iniciativa, cabe à Revista, também, coerência nas matérias, condenando atitudes de violência desnecessária entre atletas, como a do Takanori Gomi sobre Luciano Azeredo (Chute Boxe) ou do Edson Draggo (Minotauro team) sobre Hélio Dipp (Chute Boxe).
Manter a campanha apenas ao nível institucional, e não abraça-la na esfera editorial, a tornará superficial e mero produto de marketing.


Em tempo: nos dois exemplos citados os lutadores (Takanori Gomi e Edson Draggo) impuseram contundente nocaute sobre seus adversários (Luciano Azeredo e Hélio Dipp, respectivamente), mas mesmo com o oponente desacordado e com o juiz já terminando a luta, não pararam de bater. Hélio Dipp, inclusive, teve que operar a mandíbula em decorrência aos ataques desleais sofridos no Jungle Fight V.



Para conferir o desequilíbrio de Edson Drago:
http://rapidshare.de/files/8247007/draggoxdipp.VOB.html

Bolsa Atleta







Enfim uma boa notícia.


Sancionada em 09/07/04, a Lei 10.891 inicia a pavimentação para o desenvolvimento esportivo nacional visando um desempenho melhor nos Jogos Pan-americano de 2007 no Rio de Janeiro.
O programa tem mira no desporto de rendimento em modalidades olímpicas e paraolímpicas, ou seja, aumentar as possibilidades do Brasil obter melhores posições, principalmente, nos Jogos de 2007.
Fugindo das críticas de que o Ministério do Esporte seria uma extensão do COB, o artigo 5º da Lei abriu espaço para outras modalidades não olímpicas, e é na categoria internacional que entraram os praticantes de jiu-jitsu, Karatê, kickboxing, kungfu/wushu e outras.
As bolsas são de: R$300,00 (categoria atleta estudantil); R$750,00 (atleta nacional); R$1.500,00 (atleta internacional) e R$2.500,00 (atleta olímpico e para-olímpico).
O Atleta que pretender a bolsa deverá preencher vários requisitos, entre eles não receber patrocínio de pessoas jurídicas, públicas ou privadas e estar vinculado a alguma entidade de prática desportiva.
Nos casos de esportes não olímpicos, o atleta deverá ser indicado e ter seu desempenho referendada por histórico de resultados e situação nos rankings nacional e/ou internacional da respectiva modalidade.

Para saber mais: site do Ministério do Esporte (portal.esporte.gov.br/default.jsp)

Desafio Luta Livre vs Jiu-Jitsu (1991)

A pré-história do MMA

Passados quase dezesseis anos, o desafio Luta Livre vs Jiu-Jitsu soa como história dos antigos, já que atualmente a maioria dos praticantes não conta trinta anos.
Em 1991, porém, o cenário das artes marciais vivia em clima tenso. Depois da 1ª Geração da Família Gracie com a fase “romântica” do vale tudo, onde prevalecia a vontade dos lutadores, a honra da supremacia de suas modalidades e os constantes desafios diretos, muitas brigas ocorriam nas ruas do Rio de Janeiro e em outras cidades.
Lembro-me, muito bem, de alguns verões em Cabo Frio, quando muitos, como eu, desacostumados com lutadores de jiu-jitsu, os via com desconfiança, principalmente por nunca tirarem a camisa com o nome da arte estampado. Não raro as brigas, também não freqüentes, tinham os praticantes de jiu-jitsu no meio.
Não que o desafio de 1991 fosse inédito, pois em 1984 outro foi realizado no Maracanãzinho, com Eugênio Tadeu (luta livre) nocauteando Renan Pitangui (JJ Ac. Gracie), com o empate entre Marco Ruas e Fernando Pinduka (JJ Ac. Carlson Gracie) e com a vitória (socos na montada) de Marcelo Behring (Ac. Gracie) sobre Flávio Molina.
O que deu ao desafio de 91 maiores dimensões foi a decisão da Rede Globo em apoiar e transmitir ao vivo o embate, provocando a imprensa a cobrir as lutas. Em entrevista à revista Tatame (edição de dezembro de 2004) Wallid Ismail, que lutou o desafio, esclarece um pouco a entrada da Televisão ao mencionar que o Róbson Gracie, que estava envolvido na produção do evento, havia convencido a emissora que não haveria muita violência.
O próprio Róbson Gracie, em entrevista à mesma revista, reconhece que na idéia inicial não seriam permitidos dar socos: “Realmente não valia. A idéia era que não acontecesse”.
No dia, contudo, as regras foram respeitadas apenas nos instantes iniciais do primeiro round entre Wallid Ismail (JJ) e Eugênio Tadeu (LL), quando a luta começou com franca trocação. Após levar a luta para o chão e resistir a uma kimura de Eugenio Tadeu, Wallid contra-atacou com uma cabeçada que abriu o supercílio do adversário.
Com violência do embate, os apresentadores da Rede Globo não retornaram para anunciar as outras lutas, mas a transmissão não deixou de registrar a vitória do amazonense Vallid Ismail, ainda faixa marrom, de Murilo Bustamante (contra Marcelo Mendes, que saiu do ringue, após ser castigados por uma seqüência de socos na guarda, durante a luta e não voltou) e de Fábio Gurgel contra Denílson Maia (interrupção do arbitro após uma a montada de Fábio Gurgel).
Além da explosão do jiu-jitsu nos anos seguintes, o desafio trouxe outras conseqüências, como, por exemplo, a constatação de que o vale tudo poderia sair das feudais lutas de rua para um evento de proporções maiores e mais profissionais.
Neste norte, três anos depois, Rorion Gracie criaria o Ultimate Fighting Championship (UFC) lançando a semente que se transformaria o vale tudo em MMA (mixed martial arts) e sedimentaria a profissionalização do esporte.
Mesmo no campo técnico o desafio deixou suas marcas, tendo o líder da Chute Boxe Rudimar Fedrigo, após assistir o evento, orientado seus atletas de Muay-Tahi a praticar o jiu-jitsu.
Para saber mais: Revista Tatame n. 106 - dezembro de 2004

04 janeiro 2006