04 fevereiro 2007

Especial Rolls Gracie - III


O 1º CAMPEÃO

Conviver neste período áureo certamente influenciou a formação cultural de Rolls Gracie, levando-o a conhecer diversos locais do Brasil e EUA. Fluente em inglês, numa época em que o ensino da língua não era tão difundido como hoje, teve o intercâmbio com outros lutadores facilitado.
Após receber a faixa preta, aos 16 anos, fez uma longa viagem para e Europa onde conheceu outras culturas e outros estilos de luta. Sua formação cultural refletiria nos tatames, fazendo com que o jiu-jitsu abandonasse o objetivo de provar que a arte suave poderia, em combate real e sem limite de tempo, dominar qualquer modalidade de luta.
Com Rolls Gracie o jiu-jitsu passou a se desenvolver como atividade esportiva, visando competições e a vitória em curtos períodos, substituindo a filosofia anterior.
Concomitante ao surgimento do novo expoente da família, o JJ passou a se organizar, sendo fundada em 1968 da Federação de Jiu-jitsu do Brasil, que regulamentou a graduação das faixas, as regras de arbitragem.
Rolls não só fazia jus ao título de melhor lutador de jiu-jitsu da época, sendo, inclusive, considerado fenomenal pela capacidade de aprendizado, como era reconhecido por suas habilidades no boxe, wrestling, luta olímpica e judô, sendo que nesta modalidade foi campeão universitário.
Em 1973 finalmente foi organizado o 1º Torneio Oficial de Jiu-Jitsu, com a participação de academias do Rio, São Paulo e Belo Horizonte.
Rolls levou o absoluto numa final contra Maurício Robbe, atualmente presidente da Federação de Jiu-Jitsu do Estado da Bahia e competidor, até hoje, dos campeonatos da CBJJ. É ele quem conta os detalhes da final em entrevista dada à Revista Magazine Fighter (n. 12):“Logo fomos ao chão sem que nenhum dos dois tivesse aplicado queda. (...) Ele parecia uma catraca. Cada vez que eu cedia uma posição, ele só seguia adiante sem retornar. (...) Ele tentava de atacar de um lado para o outro sem me dar folga. Tentava me finalizar nos braços e eu me defendendo. A luta já passava e muito dos três minutos e a platéia estava surpresa com a demora em me finalizar. Rolls resolveu, então, partir para me finalizar no pescoço. Novamente se movimentava muito de um lado para o outro tentando me atropelar, para que eu viesse a cometer uma falha de defesa. A certa altura, quando eu estava de lado e posicionado de frente para ele, encaixou um estrangulamento, mas defendi (...) Rolls retirou a pegada (...) e com muita rapidez retirou o braço e aplicou novo estrangulamento com muita precisão. (...) Eu não tive como retirar o braço (...) ao completar oito minutos de luta fui finalizado pelo grande campeão do absoluto Rolls Gracie”.

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