18 março 2006

Ju-Jitsu x Gracie Jiu-Jitsu x Brazilian Jiu-Jitsu - Parte I

(foto - Jigoro Kano ensinando Conde Koma)


Uma das questões que mais intrigam os curiosos na história do jiu-jitsu é a diferença entre o brazilian jiu-jitsu e o jiu-jitsu tradicional. Mesmo não tendo uma resposta definitiva, as pesquisas me indicam um caminho que, embora falte muito a percorrer, traçam algumas diferenciações.

O início do JJ é na verdade difícil de precisar, já que na antiguidade o combate corporal ultrapassava a acepção esportiva dos dias de hoje, constituindo na verdade um instrumento de sobrevivência.
A partir daí as lendas contam que os monges chineses, proibidos de portar armas, desenvolveram diversas técnicas de combate a possibilitar desarmar, ferir ou mesmo matar o adversário.
Decorrido algum tempo, impossível precisar o lapso exato, alguns monges chineses tiveram contato com samurais japoneses. Maravilhados com as técnicas demonstradas, os samurais passaram treinar, desenvolver e a difundir a luta aprendida, agora denominada JU (suavidade, gentileza) JITSU (técnica).

No final do século 19, por volta de 1882, Jigoro Kano fundou o Instituto Kodokan, destinado à educação física, treinamento moral e competição. Jigoro Kano era praticante de diversas modalidades marciais, mas teve como intenção dar maior ênfase ao treinamento intelectual e cultura moral, fazendo da luta não só uma arte marcial, mas também um modo de vida.

Nessa filosofia o nome JU (suavidade, gentileza) JITSU (arte, técnica) foi modificado para JUDO, já que o sufixo DO, caminho, espelha melhor a nova filosofia empregada. Desta forma, o judô passou a ter contornos extramente filosóficos, significando a utilização do treinamento marcial para o desenvolvimento intelectual e moral, tendo como objetivo último construir a perfeição humana e beneficiar o mundo.

Ju-Jitsu x Gracie Jiu-Jitsu x Brazilian Jiu-Jitsu - Parte II


(Comitiva do Instituto Kodokan)

Nos anos seguintes o Instituto Kodokan passou a difundir o judô, fazendo com que, no início do século XX, Mitsuyo Maeda (apelidado de Conde Koma devido ao seu semblante sempre tristonho) formasse uma comitiva para viajar pelo mundo. Após passar por vários países, chegaram a Porto Alegre, vindo do Uruguai. Apresentaram-se em diversos locais (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luís, Belém) até chegar a Manaus.

Com o boom do ciclo da borracha, as apresentações do Conde Koma foram recheadas de apostas milionárias e, em 1916, se realizou o primeiro campeonato (amazonense) de ju-jitsu.

Apesar da finalidade de difundir o Judô, as apresentações de Mitsuyo Maeda acabavam por impressionar pela eficiência (foi derrotado apenas uma vez por Sanshiro Satake, também membro da comitiva do Instituto Kodokan), não se fixando nos locais para a difusão mais completa da filosofia.

Em 1917, após breve passagem pela Inglaterra, Conde Koma retorna ao Brasil, em Belém, onde se apresenta em no “American Circus” e conhece Gastão Gracie, passando a ensinar o ju-jitsu e a filosofia da arte marcial a seus a seus filhos Carlos e Hélio.

Ju-Jitsu x Gracie Jiu-Jitsu x Brazilian Jiu-Jitsu - Parte IV


(foto - Carlson e seu irmão Rolls Gracie)



A derrota de Hélio Gracie, então com 43 anos, põe termo a um era, fazendo surgiu outro mito da família, Carlson Gracie, então o único com idade para desafiar Waldemar Santana.
Após vingar a derrota do Tio, Carlson continua a saga desafiando outros lutadores com intuito de promover a supremacia do JJ.
A necessidade de ganhar dinheiro, porém, faz o novo Mestre se separar de Carlos e Hélio Gracie para abrir uma academia própria, por volta de 1960.
Com o passar dos anos e com o JJ mais difundido, os desafios entre academias da mesma modalidade começam a surgir, inclusive alguns campeonatos. Carlson Gracie passa, então, a visar à vitória contra as outras modalidades e contra o próprio JJ nos escassos campeonatos do final dos anos 60 e início dos anos 70.

Quando é criada a Federação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro, por Robson Gracie, o brazilian jiu-jitsu é moldado pelas mãos e filosofia de Carlson Gracie, que visava principalmente às vitórias nos campeonatos, que se tornavam cada vez mais populares.
Assim a Carlson Gracie Tean se torna imbatível por mais de vinte anos, formando lutadores especialistas em guarda, como De La Riva, e passadores, como Amaury Bitetti.

O lutador completo que tinha como objetivo a defesa pessoal cede lugar ao competidor, cujas habilidades visavam unicamente o lugar mais alto do podium.

Com a organização da modalidade, o brazilian jiu-jitsu se impõe sobre o Gracie jiu-jitsu, fazendo, inclusive, parte da família, capitaneados pelo Mestre Hélio Gracie, renegar o atual JJ e criar campeonatos que resgatem o romantismo de antes, como o 1º Aberto da Federação Internacional de Gracie Jiu-Jitsu na Califórnia (organizado por Rorion Gracie, o mesmo que criou o UFC).

O pragmatismo dos mundiais e a divulgação mundial do JJ por Royce e Rickson, porém, parece ter sepultado o idealismo de outrora, valendo, cada vez mais, utilizar os meios para a vitória nos campeonatos. Como reflexo desta modificação pode se constatar, além de lutas amarradas em campeonatos, a ausência da consciência moral e filosófica em grande parte das academias, onde se aprende técnica, contagem de pontos e macetes para a vitória em campeonatos.

A breve pesquisa feita, portanto, não coloca a existência do Ju-Jitsu, Gracie Jiu-Jitsu e brazilian Jiu-Jitsu como modalidades concomitantes, mas como fases do desenvolvimento de uma modalidade ainda nova e que ainda tem muito a aprender.

Ou não é assim?
Momento marcante do JJ, o desafio de Wallid Ismail e Royce Gracie (contribuição de Anonymous)

07 março 2006

Clássicos


Que vale tudo rima com rap e rock não é novidade, mas boa música e criatividade sempre têm seu espaço.

Vale a pena ouvir esses nocautes clássicos embalados pela música clássica.

http://www.youtube.com/watch?v=3L0txR_XuQQ&search=Pride

05 março 2006

CBJJ - hora de mudar


Há muito tenho repetido que, apesar do bom trabalho feito pela CBJJ no início da organização do esporte, já é hora de mudanças. Não nego a importância da eterna gestão do Carlinhos Gracie frente à maior organização do JJ do mundo. Foi com ele à frente da CBJJ que a modalidade se organizou e, principalmente, deu ao mundo os parâmetros para sua prática. Desta forma se impediu que o JJ ganhasse, em cada país ou região, contornos próprios, com regras separadas, o que implicaria, fatalmente, no arrefecimento do JJ.
Ocorre, contudo, que nos últimos anos a CBJJ passou a ser feudo de alguns, servindo muito mais para garantir o espaço conquistado do que para ajudar o esporte a crescer.
Não há argumentos que me faça perdoar a ausência de uma ampla campanha em todo o Brasil, movimentando cada academia, para incluir o jiu-jitsu no pan-americano de 2007, ainda que como esporte de exibição.
Muitos países já conseguiram incluir esportes mais esdrúxulos nas olimpíadas, como aquela tal de curling em que alguém joga uma panela e outros dois varrem o gelo para a panela escorregar mais rápido ou devagar. Recentemente ouvi na transmissão (na spor ttv, não me lembro o comentarista) dos Jogos Olímpicos de Turim 2006 que se houvessem os jogos olímpicos de praia o “esquibunda” estaria bem cotado para ser uma modalidade olímpica.
Pois é, pode parecer incrível, mas já incluíram “esquibunda” em jogos fictícios mas ninguém, na grande mídia, menciona a inclusão de um esporte que se propaga mundialmente nos Jogos Pan-Americanos de 2007, logo estes, realizados na meca do jiu-jitsu. Erro fatal.
É por isso que vejo com certa satisfação o artigo escrito por Reila Gracie, publicado no Jornal do Brasil em 13/08/05, mostrando-se insatisfeita com os rumos da CBJJ.
Com a palavra Reila Gracie (na foto acima cuidando de seu filho Roger no mundial):

"Jornal do Brasil - RJ13/08/2005 - 08:12

O sonho olímpico
O jiu-jítsu é o esporte individual brasileiro com mais penetração no exterior. Hoje o número de adeptos mundo afora é incalculável
Reila Gracie
Com o reconhecimento oficial e a legalização da Federação Carioca de Jiu-jítsu, em 1973, o jiu-jítsu se transformou oficialmente em esporte. Este advento representou para Carlos Gracie, meu pai, a realização de um sonho acalentado ao longo de sua vida: o de tornar o jiu-jítsu esporte para inseri-lo na formação educacional da juventude brasileira de maneira mais eficaz e abrangente. Como fez Gigoro Kano no Japão, no início do século 20, quando integrou o judô ao sistema educacional japonês. Como esporte, além da função educacional, o jiu-jítsu brasileiro ainda permitiria aos atletas sonharem com o pódio olímpico, considerado o mais elevado do mundo esportivo.
Com a realização do primeiro campeonato mundial de jiu-jítsu pela Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu (CBJJ), em 1995, e os campeonatos pan-americanos, realizados nos Estados Unidos, o jiu-jítsu parecia ter ingressado na maturidade profissional, tornando o sonho olímpico mais próximo e real. Dez anos depois, entretanto, constatamos que, ao priorizar outros objetivos, a CBJJ não conseguiu sequer inserir o jiu-jítsu como esporte de exibição nos Jogos Pan-Americanos de 2007, cuja cidade sede será o Rio de Janeiro, considerada mundialmente a meca deste esporte.

O jiu-jítsu é o esporte individual brasileiro com mais penetração no exterior. Hoje o número de adeptos mundo afora é incalculável. É citado em grandes produções cinematográficas e incluído em diversos documentários realizados sobre lutas e artes marciais no estrangeiro. Nos últimos cinco anos, o interesse pelo jiu-jítsu no exterior só vem aumentando, enquanto, inversamente, o seu prestígio no Brasil diminui a cada ano.
Para entender essa contradição é importante relacioná-la ao fato de a CBJJ, a instituição mais elevada do jiu-jítsu, ter deixado de ver os Jogos Olímpicos como uma meta a ser alcançada. Para participar dos Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Brasileiro e o Internacional exigem um nível de rigor de organização e postura profissional que a CBJJ vem demonstrando estar longe de possuir e querer conquistar. Uma prova recente foi o último campeonato mundial realizado no final do mês passado com participação de cerca de 1.400 atletas e um público cada vez maior. O que se viu foram atletas amadurecidos que investiram alto em suas carreiras, enquanto a CBJJ produziu um evento amador e desestruturado, com árbitros desqualificados e num local que há muito tempo já não oferece condições de abrigar tanta gente. O prejuízo que a falta de profissionalismo institucional acarreta ao esporte é enorme, pois compromete a credibilidade das competições e induz, inevitavelmente, os atletas de ponta a buscarem, precocemente, no Vale-Tudo, uma perspectiva e retorno profissional que a carreira esportiva não lhes pode proporcionar. Agora é um outro momento e urge um novo salto de qualidade, retomando e revigorando o projeto de levar o jiu-jítsu brasileiro ao pódio olímpico. Os praticantes e amantes do esporte precisam unir-se em torno desse sonho, pois o jiu-jítsu tem engrandecido o país no mundo inteiro e, com certeza, como esporte olímpico trará muitas medalhas para o para o Brasil."

Business



This is american way of live. Always searching new forms to win money.

Shogum x Coleman - Incoerência?


Após a confusa e acidentada luta do último campeão do GP dos médios, Maurício Shogum, com o campeão do 1º GP, Mark Coleman, tenho recebido algumas críticas, em outros fóruns, protestando por coerência.
O motivo está no fato de eu ter criticado com veemência as atitudes de Drago e Gomi em lutas passadas, quando ambos impuseram a seus adversários lesões desnecessárias, já que estes se encontravam batidos. Neste próprio blog foi aberto um post pedindo mais coerência à revista Tatame, que apesar de lançar a bela campanha “sou da paz” não mantinha o mesmo objetivo no campo editorial.
Voltando ao desafio dos campões, porém, não consigo ver a mesma deslealdade das lutas anteriormente citadas (Gomi e Drago), mas apenas uma série lamentável de incidentes pertinentes a um esporte cujo stress é intrínseco.

Após o Coleman derrubar Shogum, que vinha bem na luta que acabara de iniciar, este fere o braço ao cair de mau jeito (é visível a contusão). No calor da luta Coleman, que estava no chão, o que dificultava sua visão da queda, vai para cima de Shogum a fim de aproveitar a posição vantajosa.
O Juiz, contudo, percebe a contusão e pula no entre os lutadores (mérito para o juiz que agiu rápido). Coleman não entendendo direito o que ocorria tenta se desvencilhar, mas somente quando o Juiz agarra sua perna é que percebe o final inesperado da luta, já que a queda aplicada foi extremamente simples e a contusão uma fatalidade.
Neste ínterim, porém, Murilo Ninja já havia entrado no ringue preocupado com o irmão e vendo a reação ainda raivosa (normal de uma luta) do Coleman parte para cima deste, de forma tímida, para tirar satisfação.
Depois disso foi só barraco. Wanderlei Silva também entra no ringue e acaba levando uma queda do Phil Baroni (dizem que foi a única baiana que ele aplicou na vida), no meio da turma do deixa disso.
Sinceramente, não vi deslealdade na luta, mas apenas uma sucessão de desentendimentos de pessoas com os nervos à flor da pele. O que foi lamentável é a troca de socos na confusão. No 2º vídeo abaixo, filmado por alguém na torcida, da pra ver o Coleman dando dois socos no Wanderlei.
Nada, porém, que uma punição (desconto na bolsa) da DSE para o Wanderlei, Murilo, Coleman e Phil não sirva para os esquentadinhos pensarem melhor da próxima vez.
Há não ser que haja a intenção da publicidade criando uma nova rixa entre equipes...


Para ver a luta e parte da treta:

http://www.youtube.com/watch?v=SZvr2CxKqfw&search=mark%20coleman%20shogun