05 fevereiro 2006

Carlson Gracie – Especial IV



Carlson Gracie Tean

Mas se no lado técnico Carlson esteve adiantado no mundo do MMA, na parte gerencial sofreu com o amadorismo. As vitórias, principalmente com Vitor Belfort, inclusive uma arrasadora contra Wanderlei Silva no UFC Brazil, trouxeram alegrias, mas também divergências. Apesar de várias versões para a diáspora ocorrida na Carlson Gracie Tean, incluindo uma que o Mestre teria expulsado Ricardo Libório após este mostrar algumas posições de defesa com o mesmo Wanderlei, no UFC 25, o que teria provocado, dias depois, a saída de Sperry, Libório, Bebeo e Bustamante, a mais aceita, com certeza, foi a divisão dos lucros.
Em uma época em que as lutas não davam lucro, ao menos grandes dividendos, o fio do bigode era o suficiente para manter qualquer time, prevalecendo o respeito e a fidelidade. A entrada de grana, contudo, modificou o mundo do vale tudo, e a divisão das bolsas certamente provocou divergências entre aqueles que lutavam, os que treinavam e empresários.
Não se trata, é melhor deixar bem claro, de emitir juízo de valor, mas o dinheiro é motivo de divergências em qualquer esfera e em qualquer negócio, vide, por exemplo, a separação da equipe Godoi/Macaco; o esfacelamento do império das Indústrias Reunidas Matarazzo (quando os descendentes brigaram pelo poder); Daniel Dantas (Banco Opportunity) x Telecon Itália. Em qualquer negócio que envolva dinheiro, mesmo sob ato, as divergências pipocam.
Na Carlson Gracie Tean além de não ser diferente foi agravado pela ausência de profissionalismo na elaboração de contrato. Por anos e anos o Mestre reclamou da ingratidão, de forma extremamente contundente, dos seus discípulos.
Questionado, em entrevista ao site surfway, sobre eventual retorno de Vitor Belfort, Carlson disparou: “Nenhuma, isso é impossível, como é que eu vou aceitar um traidor, um mau caráter e um amolecedor de luta. Pesquisem bem que ele levou grana para amolecer certa luta.”.
Anos antes a relação com o Fenômeno era diferente, tendo o Mestre declarado: "Ele (Belfort), para mim, é como se fosse um filho. Largou tudo pelo Jiu-Jitsu”.
Além de tirar a possibilidade de independência financeira, a separação da equipe interrompeu a trajetória de sucesso do Treinador/ Manager, que desfalcado de seus principais atletas, desde 2000, não logrou colocar outros lutadores entre os melhores do MMA.
A morte do Mestre lançou dúvidas, inclusive, quanto à sua saúde financeira, já que dias após o falecimento circularam (em nome da ex-mulher como do filho), e ainda circulam, alguns pedidos de contribuições para ajudar nas despesas do funeral. Em pouco tempo Rose Gracie, filha de Rorion Gracie, publicou mensagem (news.adcombat.com) agradecendo o apoio e desmentindo a necessidade de ajuda financeira, esclarecendo que a família cuidaria de tudo.
Mais polêmico do que suas frases de efeito, Mestre Carlson ficará na história como o Gracie que desafiou a trilha de sua família e, honrando a tradição da mesma, difundiu ainda mais o Jiu-Jitsu e se transformou no primeiro formador de grandes nomes e equipes do MMA.
Fará muita falta.
Que descanse em paz o Guerreiro Carlson Gracie.

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